Entre máfia e rock', guitarrista de Bruce diz ter 200 músicas ensaiadas

Músico de Springsteen conta que gosta de ser 'conselheiro' do cantor.
Steven Van Zandt vive mafioso em séries; show no Rock in Rio é no dia 21.
Steven Van Zandt se diz dividido "entre a máfia e o rock n' roll'. O guitarrista de 62 anos toca na E Street Band, de Bruce Springsteen. O cantor americano fecha a noite de 21 de setembro no Rock in Rio e
Sem a guitarra, Steven já foi visto em duas séries. É Frank Tagliano em "Lilyhammer", da Netflix; foi Silvio Dante de "Família Soprano", da HBO. "Cresci vivendo um pouco desta atmosfera. Conversava com gente que era gangster, ou que só queria ser. Não importa, os dois eram assustadores", diz ao , por telefone. Ele fala de projetos como o retorno da banda Rascals, que ele produziu, e a trilha de filmes. Steven também conta como é ter "o chefe" como chefe. "Nós crescemos juntos e trabalhamos por muito tempo. Ele é o chefe, eu sei. Eu o escolhi como chefe."Você já saiu da E Street Band. O que faria deixar a banda de novo?Steven Van Zandt - A gente se reinventou um pouco, temos um jeito diferente de ser banda. Não fazemos o que fazíamos há 30 anos. Agora temos que ser mais criativos sem o Clearance Clemmons [saxofonista, morto em 2011]. Tentamos resumir o que o Bruce fez em 30 anos, sem fugir de nossas raízes. Mas tentamos adicionar um pouco da fase solo do Bruce, a parte folk. Nunca sabemos o que vai acontecer. Outro dia alguém contou quantas músicas temos ensaiadas e são mais de 200 possibilidades.
Steven Van Zandt - Nada me faria deixar a banda hoje. Tenho uma carreira na TV, tenho meus projetos. Atuo e produzo a série "Lilyhammer", que é exibida no Brasil. Mas eu consigo ter tempo para estar na banda. Vou continuar com essas duas coisas... Acabamos a segunda temporada e vai estrear em janeiro. É bom ter mais de uma opção.
Steven Van Zandt e James Gandolfini em 'Família Soprano' (Foto: Divulgação)Steven Van Zandt e James Gandolfini em
'Família Soprano' (Foto: Divulgação)
 Nas ruas, pedem mais autógrafo do ator ou do guitarrista?
Steven Van Zandt - 
Depende da situação, do país que estou. Durante as temporadas de "Lilyhammer", sou mais reconhecido por isso. Nos Estados Unidos, às vezes falam comigo por causa de "Família Soprano" ou por causa da banda... Tem gente que me pede autógrafo por eu ser DJ, tenho programa de rádio. Eu tenho diferentes personas. Elas me conhecem por algum motivo, não me importo qual seja. E elas são tão legais comigo...
 
Steven deixou a E Street Band em 1985 e não se arrepende: 'Aprendi tudo que eu sei hoje'
Você saiu da banda logo antes de 'Born in the USA'. Arrependeu-se de alguma forma ou por outro motivo?
Steven Van Zandt - Quando deixei a banda, aprendi tudo que eu sei hoje. Eu escrevi músicas, aflorei meu lado político. Seria mais fácil dizer: nunca deveria ter saído. Às vezes você tem que fazer coisas que têm que fazer. Foi o meu destino, não tinha como controlar. Minha saída foi para entender melhor o mundo.
Você faz trilhas de filmes. Quer se dedicar mais a isso?
Steven Van Zandt - 
A última trilha que fiz foi a de "Not Fade Away", do David Chase, um filme muito bonito. Pena que não teve uma boa distribuição... É divertido, mas prefiro TV. É mais rápido. Filmes me tomam muito tempo, são até três anos. Gosto de trabalhar em algo, passam alguns meses, e daí já vejo o que fiz na TV.
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Bruce Springsteen e Steven Van Zandt tocam no Madison Square Garden de Nova York, em 2013 (Foto: AP/Dave Allocca)Bruce e Steven tocam no Madison Square Garden
de Nova York, em 2013 
 Você diz que gosta de ficar nos bastidores. Por que pensa assim?
Steven Van Zandt - 
Eu me sinto confortável em ter liderado minha banda e em ser o protagonista de série, mas sou mais um cara de banda. Gosto de ser parte do grupo, de estar fora dos holofotes. Eu não gosto de ser centro das atenções. É bom conseguir andar nas ruas. As pessoas dizem "oi", é legal. Eu não preciso de mais do que um tchauzinho. Adoro estar em um nível baixo de celebridade. Não preciso ser mais famoso do que sou.
 
Cresci vivendo um pouco desta atmosfera. Conversava com gente que era gangster, ou que só queria ser. Não importa, os dois tipos eram assustadores. Eu tive que transformar meu corpo. E com isso ganhei peso. Eu me divido entre máfia e rock"
Steven Van Zandt, ator e músico
Todo mundo tem chefe. Mas seu chefe é 'O chefe'...
Steven Van Zandt -Sim, sim... Crescemos juntos e trabalhamos por muito tempo. Ele é o chefe, eu sei. Eu o escolhi como chefe. Somos amigos acima de tudo. Ele tem uma visão, sabe para onde vamos artisticamente. Nós o ajudamos. Eu quis estar com ele para ajudar nesta transição. Sou como um assistente, um conselheiro.
Você usou crowdfunding para financiar o retorno da banda Rascals. Como foi essa experiência?
Steven Van Zandt -
Foi uma maneira de pergunta às pessoas se elas queriam este projeto ou não. Conseguimos arrecadar US$ 100 mil, mas tudo custou US$ 2 milhões. (risos) Eu tenho muito orgulho do projeto. Espero que um dia possamos ir até a América do Sul. Ninguém havia visto os quatro integrantes do Rascals juntos desde os anos 70, sabe? Foi algo histórico. Fizemos 16 shows com ingressos esgotados na Broadway.
Como você se prepara para viver mafiosos? Você lê bastante sobre o tema? O que faz para se sentir da máfia?
Steven Van Zandt - 
Cresci vivendo um pouco desta atmosfera. Conversava com gente que realmente era gangster, ou que só queria ser gangster. Não importa, os dois tipos eram assustadores. (risos) Mas eu sou fã de filmes e livros sobre máfia. Era um interesse meu, sei lá por quê. Foi como se tivesse feito uma pesquisa durante toda vida, sem saber que tudo aquilo iria servir para algo. Tento sentir que sou os caras que interpreto. Respeito quem consegue atuar sem mudar a aparência. Eu não consigo. Tenho que olhar no espelho e ver outra pessoa. Tive que transformar meu corpo para ser gangster. E com isso ganhei peso. Eu me divido entre a máfia e o rock n' roll. Perco uns 15 quilos no fim das temporadas de "Família Sopranos" e "Lilyhammer".
Steven Van Zandt na série 'Lilyhammer', da Netflix (Foto: Divulgação)Steven Van Zandt na série 'Lilyhammer', da Netflix
Pela sua relação com África do Sul, com projetos contra o Apartheid, como vê a recuperação do Mandela?
Steven Van Zandt - 
Aquele cara é inacreditável. É indestrutível, não é? Foi um grande momento da minha vida fazer parte desta luta. Disseram que estava perdendo meu tempo, que a África do Sul nunca iria mudar. Tenho orgulho do que aconteceu. Honestamente, tenho medo do que vai acontecer quando Mandela morrer. A situação não é estável como deveria. Vai aparecer muita gente brigando pelo poder.


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